quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Emissários submarinos são desnecessários, por Gert Schinke*


No   artigo   publicado   nesta   coluna,   o   Presidente   da   CASAN,   Sr.   Walmor   de   Luca, 
ressalta     um   suposto     “desconhecimento        sobre    o  funcionamento       dos   emissários 
submarinos”.       Apressada      conclusão.    Sofisma     1:   afirma   ele   que   constituem     um 
“tratamento   adequado”.   Os   emissários   NÃO   SÃO   equipamentos   de   tratamento   de 
esgotos, mas emissores de efluentes já tratados, supostamente bem tratados, quesito 
no qual a companhia que dirige se mostra precária. Sofisma 2: afirma que as águas 
marítimas têm a “magnífica capacidade de autodepuração ao promoverem a diluição, 
dispersão e a decantação de cargas poluentes”. Parte ele da premissa, portanto, que 
os   esgotos   não   estão   devidamente   bem   tratados   ao   serem   lançados,   embora   mais 
adiante   afirma   que   as   futuras   ETEs   do   Campeche   e   de   Ingleses   darão   tratamento 
secundário e terciário aos mesmos. Infere-se, pois, que serão inertes, não acarretando 
poluição. Mas, se não causarão poluição, porque lançá-los no mar? Não seria mais 
lógico dispersar esta água doce tratada nas cabeceiras dos rios próximos as ETEs, 
realimentando   os   lençóis   freáticos   para   fechar   o   ciclo?   Assim   os   emissários   seriam 
dispensados. Nos brinda com o silogismo: “em Laguna um emissário funciona há mais 
de    10   anos    sem     causar    quaisquer     problemas      de   balneabilidade”.     Logo,    em 
Florianópolis,     também      não    causará     problemas.     A   questão     não   se   resume     a 
baleabilidade, mas sim ao impacto global na orla, já por demais afetada. A premissa 
nos induz a crer que o mar ainda suporta impactos, desde que suaves, na contramão 
do que o mundo apregoa – deixá-lo em paz. O modelo centralizado                        proposto pela 
CASAN, é o fator determinante para a concentração dos efluentes e só interessa às 
empreiteiras,      aos    atores     políticos   envolvidos      e   às   empresas       avessas      ao 
monitoramento   de   seus   resultados.   Mutatus   mutandis,  no  modelo  descentralizado, 
os efluentes são totalmente absorvidos lá onde a natureza pode realizar esse serviço 
ambiental.       E    de     graça.     Ecologicamente         sustentável      e    valendo-se       da 
complementaridade   de   sistemas   de   tratamento,   respeita   as   bacias   hidrográficas,   é 
menos energívoro, além de ser, em muitos casos, mais barato. Em paródia, tomara 
que Florianópolis jamais chegue onde o Rio de Janeiro e outras capitais já estão há 
muito tempo. Aqui poderíamos fazer melhor. 

*ecologista 

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